Avaliação dos efeitos da toxina botulínica tipo A (botox) a longo prazo: Benefícios estéticos versus potenciais riscos à saúde
Conteúdo do artigo principal
Resumo
- RESUMO
A toxina botulínica tipo A é uma neurotoxina amplamente empregada na medicina estética e terapêutica, consolidada pela sua capacidade de promover paralisia muscular temporária via inibição da liberação de acetilcolina nas terminações nervosas. Sua aplicação evoluiu de distúrbios neuromusculares graves para se tornar o padrão-ouro no manejo estético de rugas dinâmicas e no tratamento de condições funcionais como a enxaqueca crônica e a hiperidrose. No entanto, o seu uso contínuo e prolongado tem levantado questões críticas quanto à segurança e à eficácia sustentada, incluindo o risco de desenvolvimento de resistência imunológica, atrofia muscular localizada e impactos psicossociais (hipomimia e dependência estética). Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura científica para analisar criticamente os benefícios e os desafios do uso de longo prazo da toxina botulínica, incorporando a relevância das propriedades reológicas da formulação para a previsibilidade clínica. A metodologia adotada foi qualitativa e descritiva, com a seleção de artigos indexados nas bases SciELO, PubMed e Google Acadêmico, utilizando descritores chave como "toxina botulínica", "uso prolongado", "efeitos adversos" e "segurança clínica". Os resultados da análise evidenciam que, embora a toxina botulínica mantenha um perfil de segurança elevado em curto prazo, seu uso recorrente exige atenção rigorosa a fatores como a difusão da formulação e a dose acumulada. Portanto, conclui-se que a toxina botulínica, apesar de eficaz e minimamente invasiva, deve ser empregada com máximo rigor técnico e farmacológico, fundamentado no conhecimento das suas propriedades reológicas, para garantir a segurança, a eficácia sustentada e a manutenção da naturalidade estética em intervenções de longo prazo.
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Declaração de Direito Autoral - Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam na Revista Científica de Estética & Cosmetologia concordam com os seguintes termos: 1 - Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. 2 - Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. 3 - Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Este é um artigo de acesso aberto sob a licença CC- BY
Referências
REFERÊNCIAS
AOKI, K. R. Pharmacology and immunology of botulinum toxin type A. Clinical Neuropharmacology, v. 24, n. 3, p. 131-137, 2001.
AWAN, K. H. et al. A review of botulinum toxin treatment in orofacial applications. Saudi Pharmaceutical Journal, v. 26, n. 1, p. 99–105, jan. 2018.
CARRUTHERS, A.; CARRUTHERS, J.; MURPHY, D. K. et al. DaxibotulinumtoxinA for Injection for the Treatment of Glabellar Lines: Results from SAKURA 3, a Large, Open-Label, Phase 3 Safety Study. Dermatologic Surgery, v. 46, n. 11, p. 1437–1445, 2020.
CARRUTHERS, A.; CARRUTHERS, J. Importance of rheology in dermal filler selection. Dermatologic Surgery, v. 44, n. 1, p. 26-32, 2018.
CHEN, S. et al. Long-term botulinum toxin type A injection on masseter muscle: A systematic review and meta-analysis. Aesthetic Surgery Journal, v. 41, n. 8, p. 941-949, 2021.
DE MAIO, M. Myomodulation with Injectable Fillers: An Innovative Approach to Addressing Facial Muscle Movement. Aesthetic Plastic Surgery, v. 42, n. 3, p. 798-814, 2018. DOI 10.1007/s00266-018-1116-z.
DRESSLER, D. Botulinum toxin type A for the treatment of spasticity and dystonia. Journal of Neurology, v. 250, n. 1, p. I1–I4, 2003.
FLYNN, M. K. et al. Outcome of a randomized, double-blind, placebo controlled trial of botulinum A toxin for refractory overactive bladder. The Journal of Urology, v. 181, n. 6, p. 2608–2615, 2009.
FREVERT, J.; DRESSLER, D. Complexing proteins in botulinum toxin type A drugs: a help or a hindrance? Biologics: Targets & Therapy, v. 4, p. 325-332, 2010.
HENNENLOTTER, A., et. al. The link between facial feedback and neural activity within central circuitries of emotion: new insights from botulinum toxin-induced denervation of frown muscles. Cerebral Cortex, v. 19, n.3, p. 537-542, 2009.
ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). Global Survey: Aesthetic Procedures. 2023.
JOST, W. H. et al. Diffusion of botulinum neurotoxin type A: a comprehensive review. Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, v. 14, n. 4, p. 19-27, 2021.
KIM, J. et al. Botulinum toxin type A in cosmetic and therapeutic applications: an update on clinical evidence and practice. Toxins, v. 15, n. 4, p. 286, 2023.
MONTECUCCO, C.; SCHIAVO, G. Structure and function of tetanus and botulinum neurotoxins. Quarterly Reviews of Biophysics, v. 28, n. 4, p. 423–472, 1995.
NAUMANN, M.; JANKOVIC, J. Safety of botulinum toxin type A: a systematic review and meta-analysis. Current Medical Research and Opinion, v. 20, n. 7, p. 981–990, 2004.
NAUMANN, M.; LOWE, N. J. Botulinum toxin type A in treatment of bilateral primary axillary hyperhidrosis: randomised, parallel group, double blind, placebo controlled trial. BMJ, v. 323, n. 7313, p. 596–599, set. 2001.
OLIVEIRA, T. M. et al. Future perspectives of botulinum toxin: novel formulations, mechanisms, and combination therapies. Dermatologic Therapy, v. 37, n. 1, p. e17058, 2024.
RAMIREZ-CASTANEDA, J.; JANKOVIC, J. Immunogenicity of botulinum toxin. Toxins, v. 5, n. 2, p. 89-102, 2013.
SCOTT, A. B. Botulinum toxin injection of eye muscles to correct strabismus. Transactions of the American Ophthalmological Society, v. 78, p. 573-603, 1980.
SILVA, R. A. et al. Ethical and psychosocial implications of botulinum toxin use in aesthetic medicine: a scoping review. Revista Bioética, v. 30, n. 1, p. 156-166, 2022.
SIMPSON, L. L. Identification of the major steps in botulinum toxin action. Annual Review of Pharmacology and Toxicology, v. 44, p. 167–193, 2004.
YIANNAKOPOULOU, E. C. Use of botulinum toxin in gastrointestinal disorders. World Journal of Gastrointestinal Pharmacology and Therapeutics, v. 6, n. 4, p. 182-192, 2015.
